quinta-feira, 26 de junho de 2008

Paulo Maracajá: "Voltarei à presidência para tirar o Bahia da crise"





Por: A TARDE On Line

Durante mais de duas horas, ele falou sobre a sua trajetória no Bahia, patrimônio, finanças, a oposição, crise e o futuro do tricolor. Só não conseguiu deixar de transparecer uma grande mágoa: a forma como alguns protestos são dirigidos, que em seu entendimento chegam a prejudicar a sua vida pessoal. Considerando-se provocado por parte dos críticos, revelou uma intenção ainda inédita na imprensa soteropolitana: a de voltar à presidência já nas próximas eleições, previstas para o encerramento deste ano.

A aposentoria no TCM poderia acontecer a qualquer momento. O único obstáculo seria a família, que não desejaria vê-lo, aos 64 anos, enfrentando dissabores de 14 primaveras atrás. Garantiu estar tranqüilo ante mais uma representação no Ministério Público, mostrou-se novamente grato ao senador Antonio Carlos Magalhães, criticou Arturzinho e faltou até de política municipal.

A TARDE ESPORTE CLUBE | O Ministério Público acaba de instaurar inquérito contra o senhor, por estar supostamente desenvolvendo atividades paralelas à de conselheiro do Tribunal de Contas, o que é, segundo entendimento do MP, proibido. O que tem a dizer a respeito?

Paulo Maracajá | Primeiro, como homem público, é preciso saber que você está sujeito a ganhar inimigos. Ganhei muito mais amigos em toda a minha vida do que pessoas que não gostam de mim. Agora mesmo, quando eu chegava aqui em A TARDE, fui recebido por um recepcionista chamado Itamar, senhor de idade. Muito gentil, dizia assim: ‘Doutor Paulo, o senhor tem que voltar!’. Perguntei o nome dele, porque queria inclusive dizer aqui, que eu tenho demonstrações como essas, espontâneas, sem esperar, de pessoas do povo, humildes, mas acontece que eu granjeei também pessoas que são minhas adversárias. Essa já é a quarta representação que é feita contra mim. Foram três no Ministério Público e uma no Conselho Nacional de Justiça. Engraçado, em três do MP sempre tem a mesma pessoa, que eu não cito o nome para não promovê-la. Estou com dois processos contra ela, duas queixas-crimes. Mas quero frisar que o Ministério Público do Estado da Bahia, presidido, e muito bem, pelo doutor Lidivaldo Britto, merece todo o meu apreço, todo o meu respeito. E eu vou responder a todas as indagações que me forem feitas com o maior prazer, com a maior obediência, porque assim que deve ser feito. Eu diria que, às vezes, você tem uma paixão na vida e a grande paixão minha, fora Deus e minha família, é o Bahia. Eu adoro o Bahia. Desde garoto.

ATEC | Muito tempo, hein...

PM | Eu adoro o Bahia desde pequeno. Eu ia para o estádio. Graça... Fonte Nova... levado por meu pai. Eu entrei nesse clube em 68, depois em 70 como diretor-secretário, fui indo, fui indo e levei ininterruptamente no clube 22 anos. Fui vereador por causa do Bahia. Fui eleito, em 76, o segundo vereador mais votado da Arena, atrás de Murilo Leite apenas, com 8 mil e poucos votos, por causa do Bahia. Depois, fui eleito deputado estadual três vezes também por causa do Bahia, mas aí com a ajuda do senador Antônio Carlos e de Luís Eduardo Magalhães, que me ajudaram politicamente. E fui pro Tribunal de Contas por indicação do senador. Então, eu criei um vínculo com o Bahia de amor e de gratidão. Por exemplo, se eu hoje estou num cargo vitalício, se hoje estou num cargo que tem o maior salário do Estado, eu agradeço principalmente à torcida do Bahia. Então, me incomoda ver o Bahia na Terceira Divisão, e depois na Segunda. Eu quero ver o Bahia na Primeira Divisão. Tenho o prazer muito grande de estar com o Bahia, onde o Bahia estiver. Então, por exemplo, tendo coletivo sexta-feira de tarde, eu adoro ver esse treino. E por isso que eu digo que granjeei, digamos, 90% de amigos, 5% de pessoas que divergem de mim democraticamente e 5% que são, vamos dizer, pessoas que não gostam de mim, que gostariam que acontecesse um episódio interessante, eu fosse embora, eu partisse daqui. Tem até o episódio que eu posso contar a vocês que, sem dizer os nomes, mas um deles está falecido, o prefeito Fernando José Guimarães Rocha. Nós voltávamos no avião de Campinas, uma pessoa estava junto dele e começou a rezar. Ele fez: ‘Tá rezando pra quê?’. O outro: ‘Pro avião cair’. ‘Você é louco?’, perguntou Fernando José, quando o outro respondeu: ‘Não, pelo menos Maracajá morre’.Então, tem pessoas que pensam assim. Tenho que respeitar também isso, mas prefiro ignorá-las, por mim não existem.

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